Tuesday, April 15, 2008

TODAS AS NOITES SÃO IGUAIS

Confesso que tenho um certo preconceito em relação aos homens que conheço na balada. Não sei se sempre fui assim, mas hoje, eu sinto-me em vitrine viva, onde figurinhas carimbadas tornam-se peças encalhadas de uma grande ponta de estoque.
Sábado à noite, três aniversários, balada pesada, gente animada, liquido “embelezante” em abundancia, boas risadas, fotos e algumas histórias.

Logo na balsa, Shania Twain no talo, “Let’s go, girls”? A motorista, que podemos identificar como a narradora, resolveu sentar no banco de passageiro esperando que o carro andasse sozinho! Claro, que toda turma tem uma amiga descente que não bebe pra salvar a Pátria, e por sorte minha e azar da amiga, esta tinha resolvido sair naquela noite pra exorcizar a tristeza pelo fim de sua história de amor (acho que é por isso que dizem que Deus escreve certo por linhas tortas)!

Estacionado o carro, há certo espanto dos demais em relação ao volume da minha voz. Imperceptível pra mim, mas bem notável aos tímpanos alheios (bebidas alcoólicas normalmente causam-me certa surdes). Como quem tem amigos, jamais está sozinho, alguns resolveram respeitar o momento "gralha”, enquanto que os demais, ou debandaram ou aderiram ao movimento.

Adentro o recinto, animada, feliz e alguns minutos depois, já no camarote, descubro que sou uma grande fã do funk, axé e pagode, pois minha desenvoltura corporal tem uma melhora de 75% e eu sou praticamente a ruiva do Tchan (sem a mesma bunda, remelexo e cabelos esvoaçantes, claro!!).
E no meio de tanta gente eu encontrei vocêeeeeeeeeeeeeeeeeee!!! Sim, a bola da vez, que certamente pensa que eu sou "A Meretriz Balzaquiana", já que resolvi dar uma de mulher fatal e desencanada, dividindo com ele meus pensamentos mais íntimos!! (só o chamei de prostituto! Ele não precisa saber que pensei nele antes de dormir algumas noites, que sou romântica, fiel, amiga, carinhosa e sincera!!)
Os próximos minutos seguiram sem muitas complicações, exceto por um copo de whisky derrubado, uma pisada no pé da menina "mala", dois copos de caipiroska e o início de um diálogo com um rapaz simpático e falante:
- Qual o seu nome?
- Heeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeein?
- Seu nome! (gritando)
- Ah! É Layla!!!! E o seu??
- Lucas (Na verdade eu não me lembro!!!)
- Ah!! Legal!!! Ai meeeeu, vamos descer? Muito barulho aqui, não te entendo!!!
- Claro!!!
Descemos, sentamos e eu senti-me no cenário de Alice no País das Maravilhas onde vários objetos dançantes, mostravam sua personalidade e vida própria.
- Então, eu sou médico, trabalho na zazaza, tenho ampla xperiência em...zazazazaza
- É?? Ah!
Enquanto isso, a mistura de todas aquelas bebidas fermentava na minha goela, em uma busca insana para explorar o mundo exterior.
- Eu adoro filmes de arte, aliás, ia assistir um hoje, mas meu amigo me...
- Fantástico!!! Eu gosto também! Mas o que você faz? Conta!!
- VOU PEGAR UMA COCA!!!
Infelizmente, a maldita vodca não cessava em falar comigo, e o primeiro gole de coca foi tudo o que precisava para dar-lhe a tão esperada alforria. Corri pro banheiro, colori a cerâmica enquanto aquele líquido viscoso e nojento celebrava sua liberdade!

Sentia-me mais leve, entretanto, o mundo ainda dançava ao meu redor e o menino, ai, o menino, coitado!!! Ele resolveu tentar o golpe de misericórdia, enquanto eu pensava com meus botões: “estou levemente embriagada e este menino vai me zoar! Que espécie de cara fica com uma menina que acabou de vomitar??? Bla, bla, bla. blá”. Mas a negociação perdeu seu ritmo, pois ele me puxou pela mão pra falar com a dupla com quem completava um distinto trio! Claro que tudo na minha vida é uma grande piada e ele havia ido com ninguém menos que o personagem descrito no parágrafo acima.
Neste momento, minha mente deturpada e insana começa a articular uma pequena grande vingança por aquele ato malvado do destino (ou sacanagem de filho da puta de turma). Fiz o cara cuidar de mim quase que o resto da noite inteira sem sequer dar-lhe um beijo no rosto, exceto na hora da despedida, e foi tudo o que ele recebeu de salário por passar parte de seu tempo na balada tentando ficar com uma mulher fora de eu juízo real.

Acho que o menino desencanou, eu desencanei, relaxei e terminei minha noite em um carrinho de pastel, comendo pão com carne moída! O sol já brilhava e tive que dirigir de óculos escuros pra não ferir os olhos, levemente acostumados com o breu da noite, e ninguém ver que eu tinha lápis e sombra nos olhos ao dar de cara com minha mãe se preparando pra ir à missa.

O menino pegou meu telefone, mas não me ligou para sairmos. Sinto-me mais aliviada, já que além de ter um saldo negativo de anos em relação a mim, se não me engano, ele tinha espinhas no rosto.

Estava refletindo e não sei qual foi o momento exato em que perdi a credibilidade nos baladeiros de plantão, mas eu creio que é bem certo que são atitudes como a que tive neste final de semana, que fazem os meninos perderem a crença nas meninas...que pena!!
Moral da história: de hoje em diante, só vão furar suco de limão sem açúcar na minha comanda! Pois este é bom, barato, dietético e não causa alucinações de objetos que dançam!!!!
NOTA DA AUTORA: NÃO ESTRANHE SE LER ESTA CRÔNICA E IDENTIFICAR-SE COM ALGUM DOS PERSONAGENS, AFINAL DE CONTAS, TODA FICÇÃO, TEM UM FUNDO DE VERDADE. PORÉM, IMPORTANTE RESSALTAR QUE AS SITUAÇÕES FORAM AUMENTADAS.

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