Um enigma profundo
Os principais marcos na história do pensamento sobre o mal
O mal na religião
O mal na religião
• Todas as grandes religiões compreendem alguma força de desordem ou destruição – o Mal. A dualidade entre bem e mal foi provavelmente estabelecida pelo zoroastrismo, religião da antiga Pérsia que pode ter influído sobre o judaísmo e o cristianismo
• A primeira figura do mal na Bíblia é a serpente do Éden, que ocasiona a queda do homem. O Satã do Antigo Testamento ainda não é exatamente um opositor malévolo de Deus. No Livro de Jó, por exemplo, ele atua como uma espécie de promotor dos tribunais divinos. Jó é um homem bom e temente a Deus, que é atingido por uma série de catástrofes. Seu problema fundamental continuaria intrigando filósofos e teólogos por séculos: por que coisas más acontecem a pessoas boas?
• Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, os grandes filósofos do cristianismo, vêem a soberba humana como a raiz do mal e a graça divina como a fonte do bem. Agostinho admite que coisas ruins acontecem igualmente a pessoas boas e más, mas diz que é a atitude piedosa diante do infortúnio que faz a diferença
O mal da natureza
• Desastres naturais como o terremoto de Lisboa, em 1755, provocaram os filósofos a pensar sobre a possibilidade de o universo – ou Deus, seu criador – ser mau. O terremoto pôs em dúvida as idéias de filósofos como Gottfried Wilheim Leibniz, que havia postulado um universo organizado em torno do bem. Essa perspectiva otimista foi ironizada por Voltaire em seu livro Cândido
• O naturalista inglês Charles Darwin, pai da teoria da evolução, pôs em xeque a idéia de uma natureza projetada por um Deus bondoso. Ele lembrava o exemplo de uma vespa que paralisa outros insetos para que sejam comidos vivos por suas larvas. E conclui que um "Deus onipotente e benéfico" não teria criado um ser assim
O mal do homem
• Aristóteles dedica sua Ética a Nicômaco à perseguição da virtude, e estóicos como Epicteto pregavam a boa vida, reconciliada com o mundo tal como ele é. O mal, porém, não chegava a constituir um problema para a filosofia grega
• O pensador renascentista italiano Nicolau Maquiavel inaugura, em seu clássico O Príncipe, uma perspectiva pragmática do bem e do mal: o governante deve, em certas ocasiões, ignorar os preceitos morais e até praticar o mal para se manter no poder
• Em uma de suas últimas obras, A Religião nos Limites da Simples Razão, o filósofo alemão Immanuel Kant examinou a vontade maligna do ser humano, que ele chamou de "mal radical"
• No século XIX, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche tentou transcender o bem e o mal em sua filosofia, idealizando um "super-homem" que estaria além de qualquer moral. A obra de Nietzsche não pode ser confundida com uma defesa do mal – mas ele era um crítico feroz dos valores cristãos
• Depois da II Guerra Mundial, o trauma político do holocausto nazista trouxe uma nova imagem do mal. Influenciada pela idéia de "maldade radical" de Kant, a filósofa Hannah Arendt diagnosticou a "banalidade do mal" do totalitarismo, cujas políticas perversas são decididas com frieza burocrática
• Na segunda metade do século XX, a psicologia social tem estudado como certas organizações coletivas – um partido político, um grupo armado – podem induzir pessoas comuns a cometer atos monstruosos. Na última década, a neurociência vem obtendo avanços no mapeamento cerebral dos psicopatas, indivíduos que não têm decisões morais
• A primeira figura do mal na Bíblia é a serpente do Éden, que ocasiona a queda do homem. O Satã do Antigo Testamento ainda não é exatamente um opositor malévolo de Deus. No Livro de Jó, por exemplo, ele atua como uma espécie de promotor dos tribunais divinos. Jó é um homem bom e temente a Deus, que é atingido por uma série de catástrofes. Seu problema fundamental continuaria intrigando filósofos e teólogos por séculos: por que coisas más acontecem a pessoas boas?
• Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, os grandes filósofos do cristianismo, vêem a soberba humana como a raiz do mal e a graça divina como a fonte do bem. Agostinho admite que coisas ruins acontecem igualmente a pessoas boas e más, mas diz que é a atitude piedosa diante do infortúnio que faz a diferença
O mal da natureza
• Desastres naturais como o terremoto de Lisboa, em 1755, provocaram os filósofos a pensar sobre a possibilidade de o universo – ou Deus, seu criador – ser mau. O terremoto pôs em dúvida as idéias de filósofos como Gottfried Wilheim Leibniz, que havia postulado um universo organizado em torno do bem. Essa perspectiva otimista foi ironizada por Voltaire em seu livro Cândido
• O naturalista inglês Charles Darwin, pai da teoria da evolução, pôs em xeque a idéia de uma natureza projetada por um Deus bondoso. Ele lembrava o exemplo de uma vespa que paralisa outros insetos para que sejam comidos vivos por suas larvas. E conclui que um "Deus onipotente e benéfico" não teria criado um ser assim
O mal do homem
• Aristóteles dedica sua Ética a Nicômaco à perseguição da virtude, e estóicos como Epicteto pregavam a boa vida, reconciliada com o mundo tal como ele é. O mal, porém, não chegava a constituir um problema para a filosofia grega
• O pensador renascentista italiano Nicolau Maquiavel inaugura, em seu clássico O Príncipe, uma perspectiva pragmática do bem e do mal: o governante deve, em certas ocasiões, ignorar os preceitos morais e até praticar o mal para se manter no poder
• Em uma de suas últimas obras, A Religião nos Limites da Simples Razão, o filósofo alemão Immanuel Kant examinou a vontade maligna do ser humano, que ele chamou de "mal radical"
• No século XIX, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche tentou transcender o bem e o mal em sua filosofia, idealizando um "super-homem" que estaria além de qualquer moral. A obra de Nietzsche não pode ser confundida com uma defesa do mal – mas ele era um crítico feroz dos valores cristãos
• Depois da II Guerra Mundial, o trauma político do holocausto nazista trouxe uma nova imagem do mal. Influenciada pela idéia de "maldade radical" de Kant, a filósofa Hannah Arendt diagnosticou a "banalidade do mal" do totalitarismo, cujas políticas perversas são decididas com frieza burocrática
• Na segunda metade do século XX, a psicologia social tem estudado como certas organizações coletivas – um partido político, um grupo armado – podem induzir pessoas comuns a cometer atos monstruosos. Na última década, a neurociência vem obtendo avanços no mapeamento cerebral dos psicopatas, indivíduos que não têm decisões morais
REVISTA VEJA - Edição 2055 - 09 de Abril de 2008
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